Suomeksi täältä
A inspiração para nomear este blog foi evocada pela metáfora de Benedict Anderson, as nações manifestam-se ao sonhar, e pelo romance do autor moçambicano Mia Couto, a “Terra Sonâmbula”. O sonho desta terra sonâmbula ainda continua às vezes mais agitado, nos debates, nas discussões, nas cerimonias, nas ruas, nas canções, portanto, incessante...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Escritor convidado Anna Pöysä sobre o rap criolo: “Tudu pobri é um soldja”

Recebí grande honra de publicar este ensaio por Anna Pöysä sobre o rap criolo no Portugal que continua na maneira optima a nossa tema sobre música da intervenção social. Anna é a minha estimada colega Finlandesa com quem eu iniçiei a pesquisa sobre rap em Maputo a que ainda estou a continuar. Ela vive agora entre Londres e a Cova da Moura, bairro na Lisboa referido no texto. Anna escreveu este texto com ajuda de Naparama, tambem meu caro amigo e irmão,  que escreve sobre a Cova da Moura no seu blog Nha Zona. 
--
Assiste o video referido aqui. Preste atenção ao imagem de já falecido Amilcar Cabral no parede. Encontra-se alguma semelhança ás referençias ao Samora Machel em rap maputense em Moçambique.
--
-      -      -     -
--
Anna Pöysä: "Tudu pobri é um soldja"

Kuva:Anna Pöysä.
Os jovens que estudam, as mães solteiras , os imigrantes sem documentos e os traficantes na música de LBC são soldados à busca de uma vida melhor. Ele canta que um velho lhe avisou que é fácil pisar numa mina, porque "eles" – os não-pobres – metem os pobres a lutarem entre eles. A solução é se manterem unidos porque se a gente pobre se une, são maiores em número do que a polícia.

Enquanto LBC não limita a sua mensagem para nenhum contexto específico, o contexto implícito é os ‘guetos’ de Lisboa, habituados às rusgas da polícia. O gueto neste caso é a Cova da Moura, um bairro construído por imigrantes cabo-verdianos nos anos 70. É onde LBC vive e onde foi feito o vídeo da música. Chamam o bairro a décima primeira ilha de Cabo Verde. Eles, os de fora do bairro, consideram-no como um dos bairros mais problemáticos do país. O que se diz na música também chama a atenção nos problemas, mas da perspetiva dos obstáculos que a vida está cheia para os que vêm desses bairros, e os pobres em geral. Enquanto o resto de Portugal passa mal com o crise, os soldados dos bairros estão preparados: “quem tem nada perde nada”.

A mensagem é clara: nos que nascemos homens morremos homens. Mesmo sendo pobres vivendo uma vida cheia de armadilhas há-que se manter a dignidade. Como diz Mia Couto: "Quem deve sentir vergonha não é o pobre mas quem cria pobreza”.

Há algumas diferenças importantes entre o rap moçambicano e o rap crioulo de Portugal. Em Portugal a divisão da sociedade é reforçada pelo racismo. São tempos difíceis para as crianças e mulheres que ainda por cima são black, diz-se na música. A experiência de ser imigrante ou filho de imigrantes, “preso na Europa”, está presente em muito rap crioulo de Portugal.

Uma outra questão importante é a da língua. Como o uso das línguas nacionais na música moçambicana, o uso de crioulo é uma questão da identidade. Mas talvez em Portugal tem um sentido diferente: português é a língua “deles”, imposto aos dos bairros. Crioulo é a língua própria que “eles” não entendem, talvez até uma arma na batalha dos soldados. De certeza tem muito a ver com a unidade do “exército”.

2 comentários:

  1. Muito obrigada pela introdução e pela oportunidade de participar!

    ResponderEliminar
  2. Maningue obrigado eu! Agora inventí as novas rimas "Tudo rico é gangsta". Apenas pareçe assim...

    ResponderEliminar

Tervetuloa kommentoimaan // Por favor escreve seu commentário aqui