Suomeksi täältä
A inspiração para nomear este blog foi evocada pela metáfora de Benedict Anderson, as nações manifestam-se ao sonhar, e pelo romance do autor moçambicano Mia Couto, a “Terra Sonâmbula”. O sonho desta terra sonâmbula ainda continua às vezes mais agitado, nos debates, nas discussões, nas cerimonias, nas ruas, nas canções, portanto, incessante...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As tempestades continuam danificando a parte central do Moçambique

(Complemento para a carta anterior)
(24/01) É a minha responsalibidade anunciar aos meus leitores que, apesar de Maputo já ter passado pela depressão, os danos da tempestade, transformada em ciclone sob o nome de Funso, continuam nas províncias de Zambezia, Inhambane e Quelimane. Não consigui encontrar um resumo completo, entretanto, nos jornais "Notícias" e "O País" foi relatado hoje que, em Zambezia, houve mais 11 perdas de vida, além de outros cinco já falecidas. Em cima disso, dezenas de pessoas foram feridas e centenas senão milhares casas foram levadas pelas enchentes. A cerca de cem quilômetros ao norte do Maputo, a estrada principal do país está danificada. Conforme as autoridades, demorará mais alguns dias para reabri-la.
Os irmãos mas novos no negócio 25/1.

P.S. Há uns quinze minutos da minha casa, rapazes desempregados empreenderam um negócio de alugar de botas de borracha para atravessar u buraco de água com mais ou menos 30 cm de profundidade e 200 m de extensão. Eu mesmo tive de alugar botas quando andei do campus universitário para casa na sexta-feira passada. Do ponto de vista da economia de mercado, eis uma iniciativa bem saudável, porém, meu vizinho lamentou que os jovens desta maneira se aproveitem da situação. Será esse um conflito entre duas maneiras de pensar a economia?

P.P.S. Quantos serão os leitores finlandêses que já ouviram falar sobre as dificuldades temporais em Moçambique, que já se prolongam há mais de uma semana? Após uma rápida busca na internet, assumo que são pouquíssimos. É mais um exemplo da antirreciprocidade da ignorância. Com isso, quero dizer que os moradores dos chamados países ocidentais podem estar bem menos conscientes dos acontecimentos, digamos, na África, do que os africanos dos eventos no Ocidente. Para ilustrar: em primeira mão eu fiquei sabendo sobre a tempestade na Finlândia do dia 26/12, graças à mensagem enviada por um amigo moçambicano.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Chuva continua!

(17/01/2012)
Aqui no bairro só tínhamos problemas com a luz
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Depressão tropical Dando bateu com força primeiro em Madagascar, daí ontém no sul de Moçambique, onde fica também o capital Maputo. Uma descrição imparcial para quem sabe português encontra-se aqui. O primeiro tiragosto da tempestade tinhamos no meu bairro na noite entre domingo e segunda, quando um vento forte, com rajadas por 25 m/s, apagou a luz por uma jornada e hoje de manhã de novo. No campo académico tinha luz, porém a conexão à internet falia. É difícil estimar a amplidão destas interrupções do fornecimento de electricidade. Não me incomodava, se eu não tivesse adquirido, com a ajuda da senhoria da casa, uns 800 gramas de carne. Agora outros tém problemas bém mais graves.

A chuva e o vento fortes abstendo-me do uso da palavra tempestade conforme a mídia local atrapalham a infra-estrutura. Os miniautocarros, chapas, mal andam. Alimentos ficam estragados. As ruas enchem-se de água, e o capital da provincia vizinha, Xai-Xai, está inteiramente sem água e luz. Eu fui salvo para o meu escritório seco por um engenheiro desconhecido com seu todo-o-terreno, que me encontrou esperando o chapa embaixo da protecção péssima de guarda-chuva. Foi simples boa sorte, ou uma manifestação bem provável da hospitalidade moçambicana? Quase nem consigo imaginar as dificuldades que passam num tempo destes as empregadas, vendores da rua e outros trabalhadores que tem uma ou duas horas de viagem de várias chapas para vir trabalhar na cidade. Para eles, e para o engenheiro que nem conheci, levanto o chapéu, e mando abraços daqui desde a chuva para a minha mãe lá na minha terra.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Camarão fresquinho e bacalhau seco

Parábolas culinárias
(Primeira parte)

Hoje (dia 2 do Janeiro) eu me encontro na favela, como chama-se pelos
inhabitantes, para tomar uma cerveja informal - em boa companhia, é claro. Disseram-me que eu ainda continuo um camarão fresquinho. Daqui há um tempo, eu, igual aos outros brancos que chegaram a Moçambique, me transformarei em um bacalhau seco. Nada glorioso! Voltarei ao assunto quando perceber mais.