Antes
de começar esta história originalmente publicado em Finlandês já em Novembro do 2011, quero avisar, aos meus leitores, que não é o propósito
desta carta prejudicar os sueco-finlandeses, nem os moçambicanos, nem o
senhor Presidente do Moçambique Armando Guebuza. Sem dúvida, isso já me
faz perder vários leitores que preferem seguir outros tipos de polêmica.
Este pato não é Moçambicano mas de Fiskars. |
Não sei se é bem verdade, mas falam que o
presidente seria o homem mais rico no país. O Sr. Guebuza revelou, não
há muitos anos atrás, à imprensa nacional a causa do seu sucesso
econômico. Ele contou que ficou rico através da venda de patos. No
início, o povo ficou pasmo, pois era muito difícil imaginar alguém se
enriquecer vendendo uma mercadoria tão barata. Então algum esperto
descobriu que é mesmo possível enriquecer-se desta maneira, caso venda
um número suficiente de patos. Mas, seguindo os cálculos, para criar uma
fortuna igual, seria necessário vender 23 milhões de patos. Na imprensa
alternativa do Moçambique, que se compôs de uma rede de fofocas, fortalecida
pela tecnologia moderna, a piada se espalhou como um incêndio. A
picuinha está no fato de que, a população do país justamente de 23
milhões, resulta na compreensão imediata dos moçambicanos: “Os patos,
somos nós”.
Patos por razões diferentes
E os sueco-finlandeses, a minoridade linguística na Finlândia? Quando eu relatei para um amigo moçambicano, que estes se referem a sua própria comunidade como uma lagoinha de patos, onde todos conhecem um a outro (e de onde, seguindo alguns, ninguém sai), ele soltou uma gargalhada: “Nós moçambicanos parecemos os sueco-finlandeses, neste sentido que ambos achamos semelhança com patos!” Depois pensei eu, que a parábola é usada por razões contrárias. Os sueco-finlandeses utilizam a metáfora da lagoinha de patos para exprimir o quanto são poucos, enquanto os moçambicanos divertem-se com a história de patos por serem muitos. Isso se parece mesmo superficial. Portanto, talvez traga luz ao assunto comparar esses dois grupos mais um pouco.
Os sueco-finlandeses são uma
minoridade linguística tradicional, a maior da Finlândia com cinco por
cento da população, que podem se escolarizar em sua nativa língua sueca e
são intitulados para tratamento de saúde neste idioma (porém, isso na
prática, é variável). Na Finlândia, o sueco é chamado o segundo idioma
nacional, é a língua oficial do país. Em Moçambique, algo parecido iria
apresentar um grande desafio, sendo este país composto de diversos
grupos étnicos e linguísticos, dos quais, nenhum sozinho alcança o
tamanho igual do sueco-finlandes quando comparado com a população
inteira. Os moçambicanos se escolarizam em português, que é língua
materna para raros, e recebem serviços públicos de saúde na sua própria
língua só quando a enfermeira por acaso é familiar a essa. Os
sueco-finlandeses às vezes acham o seu idioma ameaçado na Finlândia. Os
moçambicanos talvez não saibam nem sonhar em poder estudar, acessar
serviços públicos ou ler jornais em sua língua nativa, das quais, as
menores só são falados por algumas dezenas de milhares de moçambicanos.
Aprendizagem desde Moçambique
Não seria facil organizar a situação linguistica do Moçambique oficialmente com tão baixo custo, e seguindo a opinião da maioria, com tão bom funcionamento, que na Finlândia. Em vez disso nos, os finlandeses, pudéssemos apreender com o multilinguanismo extraoficial, no qual até as pessoas sem escolaridade costumam dominar vários idiomas – a lingua materna, a lingua falada pelo pai, e não raro, também a lingua do grupo vizinho – e quem estudou na escola, o português. Os antigos combatantes e os moradores do norte do país falam, além das linguas vizinhas, o swahili, “o inglês da África de Leste”, falado por cem milhões de pessoas. O português é a sexta lingua maior do mundo, falado por mais de 200 milhões de pessoas.
Em Moçambique, a vida pública funciona, pois quase nenhum dos grupos étnico-linguisticos é, enquanto à sua lingua, o lugarejo isolado como alguns municípios suecos da Finlândia: estes têm pouca interação com o resto do país e do mundo. Municípios bilingues, como Raasepori onde moro, no pior dos casos, parecem-se duas comunidades unilinguísticas na mesma área, cujos membros leem jornais diferentes e não conhecem uns aos outros. Nos deveriamos colocar as crianças finlandesas, como suas pares moçambicanos, numa imersão linguistica semelhante, poderia ser mesmo extra-oficial. Esse multilinguismo moçambicano contribui para a facilidade de qualquer novidade ou piada mais nova alcançar todos os moçambicanos – embora não fosse publicada em jornal nenhum.
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